Ninguém Desperdiça o Poder dos Juros Composta e da Inovação Incremental
- Giovani Letti
- 16 de jun. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 16 de dez. de 2024

A Apple apresentou nesta semana, durante o evento WVDC 24, seus novos produtos. A principal inovação foi a possível integração da Siri à inteligência do ChatGPT. Isso pode ser algo que vá mudar o mercado de IA, mas em termos de evento, em termos de inovação, tudo está longe da época do Steve Jobs. Lembram de quando ele apresentou o primeiro iPhone? Ou o primeiro Macbook Air (dentro de um envelope de papel)?
De qualquer forma, não é da Apple que gostaria de tratar, mas de inovação, e principalmente do tipo de inovação que faz sentido para a indústria brasileira. Esses eventos das Big Techs americanas muitas vezes nos dão a impressão de que inovação precisar ser obrigatoriamente algo grandioso, digno de notícia. Esse tipo de inovação seria o que tecnicamente chamamos de radical ou disruptiva. Resulta de um árduo, longo e caro trabalho de pesquisa e desenvolvimento. Assim, de tempos em tempos, às vezes, o pessoal de P&D consegue lançar no mercado algo realmente disruptivo. Isso em empresas do nível da Apple!
Só que agora gostaria de lhe perguntar quantas empresas brasileiras você conhece que possuem um departamento de P&D? Ou um departamento de inovação que seja exclusivamente dedicado ao tema? É difícil pensar em muitas, não é? Se conseguiu pensar em algumas, faço uma nova pergunta: quantas delas podem se dar ao luxo de trabalhar mais de um ano em um projeto? E mais de cinco anos? Só pesquisando e desenvolvendo, só gastando com equipe e protótipos? Conseguiu pensar em alguma?
A estrutura de nosso país inviabiliza isso para a maioria de nossas empresas. É caro inovar no Brasil. E se a intenção for inovação radical, é quase inviável. Portanto, a inovação que faz sentido para a maioria de nós é a inovação incremental. Ela é resultado da melhoria de processos. Nisso temos muitas empresas que são excelentes. Entretanto, o ideal não é pensarmos somente em melhoria, mas em um termo mais amplo, a gestão de processos. E isso não é pouca coisa, mesmo que pareça. Vamos a um exemplo hipotético: diminuir os custos de produção em 1% ao mês, é inovação? Claro que é! Incremental, mas é. Basta termos uma visão de médio e longo prazo para entendermos a sua importância. 1% ao mês são 12% ao ano, 120% em dez anos. Imagine que nosso exemplo é uma indústria de porte médio que gaste cerca de R$ 20 milhões por mês para suprir sua demanda de produção. Estamos falando de uma economia de R$ 200 mil mensais, R$ 2,4 milhões anuais. E em dez anos, R$ 24 milhões. É assim que a nossa indústria cresce.
Porém, para isso acontecer, é preciso um planejamento claro, otimizando métodos e tecnologias. Não vou me estender em uma sopa de siglas que todos vocês conhecem. A grande questão é organizar tudo isso. Chamamos isso de “plano de inovação incremental”. Estudamos os melhores métodos de gestão de processos, além de fazermos a curadoria tecnológica, pois vários desses processos podem e precisam ser automatizados. Isso é algo que inclusive todas as grandes empresas de tecnologia, essas que conseguem gerar inovações radicais, também fazem. Ninguém desperdiça o poder dos juros compostos e da inovação incremental.






Comentários